ANGELA RODRIGUES, ESCREVE NO ESPAÇO JORNALISTA MARTINS DE VASCONCELOS -JORNAL DE FATO ..UMA PÁGINA INTEIRA .EU, TIRO O CHAPÉU ..
VAMOS TOMAR UM CAFÉ?!...

Ângela Rodrigues Gurgel
Autora de Ensaio Poético e Confissões Crônicas. Idealizadora da confraria Café & Poesia
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Existe convite mais charmoso e tentador que esse? Nada como encontrar familiares, amigos, pessoas queridas para um café. Que pode ser da tarde, da manhã, depois do almoço, do jantar; a hora não importa, café é sempre bem-vindo, em qualquer horário ou local. Café combina com quase tudo. E com todos. Um café para desacelerar, para refletir, para degustar lentamente, como quem toma uma bebida sagrada. Café só não combina com pressa. Com gente mal-humorada. 

Quantas histórias foram construídas em torno de uma mesa onde o café, quentinho e cheiroso, mantinha alerta todos os sentidos? Quantos livros, músicas, ideias para as mais diversas artes nasceram enquanto o café era servido em xícaras transbordantes de sabedoria, inspiração, sonhos e desejo de mudar o mundo? Quantas vezes, olhando uma xícara de café, não encontramos respostas para aquela pergunta que temia nascer por medo de morrer sem resposta? 
Vocês concordam que o café tem um quê de ternura e ousadia? Um laço de memória com nossas raízes? Aquela fumacinha, seguida do cheiro que perfuma todo ambiente, traz lembranças de nossas mães coando o café e acordando a casa com aquele convite para a vida, que o café sabe fazer como nenhuma outra bebida. Parece que há, em cada xícara de café, desde a mais sofisticada à mais simples, uma mensagem cifrada, um recado de nossas almas dizendo que precisamos encontrar mais tempo para tomar café com as pessoas que são importantes para nós. Ou, quem sabe, indicando caminhos por onde podemos passear mais felizes e cheios de lembranças que acordam nossa memória afetiva, aquele recanto cheio de infinitos que aquece nosso coração. 

O café nosso de todos os dias se avizinha daquela criança singela que carregamos dentro de nós e nos coloca no colo quando tudo que precisamos é descansar nossos corpos adultos e abatidos pela lida diária. Recarrega nossas energias e proporciona momentos que guardamos em nossas lembranças mais sagradas. Um bom café, regado a boa prosa e muitas gargalhadas, equivale a muitas sessões de terapia. Parece que ele nos despe e nos veste. Quantas vezes, durante um café, mantemos diálogos profundos com nossos interlocutores e, no final, percebemos que algumas coisas que dissemos não tínhamos consciência de sua existência em nosso “mundo das ideias”? Quantas vezes as palavras silenciaram para que nossas verdades fossem reveladas em diálogos mudos, cheios de significados que revigoraram nosso ser e nos fizeram pessoas melhores? 
Não sei vocês, mas eu acredito que a melhor forma de celebrar o amor e o carinho entre amigos e familiares é compartilhar momentos tomando um café gostoso, pois ele nos conecta uns aos outros e aos nossos sentidos através de sua linguagem única e inconfundível. Não seria exagero dizer que café tem cheiro de paraíso. É abrigo, aconchego, bálsamo para nossas dores e desilusões, conforto para dias frios, companhia para dias de solidão, amigo que aquece nosso corpo, alma e coração. Parafraseando Nietzsche, eu diria que a vida sem café seria um grande erro. Ele é o néctar da vida, a poesia que reúne em torno de si amigos que se reconhecem pelo sabor da amizade entre pessoas que, muitas vezes, acabaram de se conhecer, mas já se tornaram eternas nessa amizade infinita que nasce orquestrada pelo som do café. 
Quem teve a ideia de pilar o grão de café e acrescentar água quente conseguiu capturar felicidade e colocá-la numa xícara. Diante do café servido, o tempo parece celebrar a vida e se transforma em um “tempo dentro do tempo”, onde o ontem e o amanhã se encontram no hoje e transformam o momento em um instante reservado só para gente sentir a vida pulsando e sendo compartilhada, vivida. 

Vamos tomar um café? Afinal, todo mundo merece uma boa notícia e uma xícara de café! Se você aceitar o convite apareça para tomar um café conosco. Quando? No último sábado do mês. Onde? No Rust Café. A que horas? A partir das 9h30min. Afinal, todo mundo merece uma boa notícia, uma xícara de café e muita poesia!